Amazônia Boliviana: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral
Sínodo Pan-Amazônico – Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica
Amazônia na Bolívia
Em 2 de março de 2015, a Rede Eclesial Pan-Amazônica realizou uma coletiva de imprensa destacando o trabalho conjunto de dioceses, sacerdotes, congregações religiosas, membros da Cáritas e leigos que atuam na região amazônica. O vídeo está disponível no canal oficial de notícias do Vaticano no YouTube — o Vatican News, criado em 16 de dezembro de 2017 e atualizado diariamente. Este canal é um serviço do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, responsável pela produção e propriedade das imagens publicadas. Mais informações estão disponíveis em: https://www.comunicazione.va/en/sostienici.html e vaticannews.va.
🌿 Amazônia Boliviana: Diversidade, Resistência e Ameaças em um Território Vital
A Bolívia, independente desde 1825, possui um território de 1.098.581 km², dividido em nove departamentos: Chuquisaca, Cochabamba, Tarija, La Paz, Santa Cruz, Potosí, Oruro, Pando e Beni. Segundo o Censo de 2012, sua população é de 10.027.254 habitantes. Reconhecida constitucionalmente como um Estado Plurinacional e Intercultural, a Bolívia abriga 36 nacionalidades e povos indígenas camponeses, com múltiplos idiomas oficiais.
A base da economia boliviana está no extrativismo, especialmente na exploração de hidrocarbonetos e minerais. A agricultura e a pecuária também estão presentes, embora em menor escala.
A Amazônia boliviana ocupa cerca de 43% do território nacional, considerando o critério ecológico do bioma amazônico. Essa vasta região florestal se estende pelos departamentos de Pando, Beni, Cochabamba, Santa Cruz e La Paz, envolvendo 88 municípios. De acordo com dados das seis jurisdições eclesiais que atuam na área, estima-se que a população local seja de aproximadamente 1.266.379 pessoas, incluindo povos indígenas, camponeses, comunidades interculturais (colonos) e afrodescendentes.
Atualmente, vinte e nove povos indígenas habitam a Amazônia boliviana — entre eles, Araonas, Ayoreos, Chiquitanos, Guarayos, Tsimane, Yuracares, entre outros. Essas comunidades mantêm modos de vida tradicionais, baseados na caça, pesca, coleta e agricultura de subsistência. Seus cultivos principais incluem banana, mandioca, milho, arroz e legumes. O isolamento geográfico é um desafio: as estradas são transitáveis apenas durante a estação seca, e os rios — como o Mamoré, o Beni e o Madre de Dios — continuam sendo os principais meios de transporte e comunicação.
Embora a Amazônia seja um território vital e repleto de biodiversidade, enfrenta constantes pressões e conflitos pelo uso de seus recursos. A exploração intensiva e desordenada da natureza — voltada especialmente para atender à demanda externa por matérias-primas — tem causado sérios impactos ambientais. O desmatamento, as queimadas, o avanço do agronegócio, projetos de infraestrutura e os assentamentos ilegais em áreas protegidas ou territórios indígenas têm agravado os efeitos das mudanças climáticas.
Mesmo com a Constituição garantindo os direitos dos povos indígenas e a proteção dos recursos naturais, muitas dessas garantias não se concretizam na prática. Nos últimos anos, foram aprovadas normas e procedimentos que favorecem a implantação de megaprojetos e a exploração de hidrocarbonetos e minerais, resultando na contaminação de solos e rios essenciais à subsistência dos povos tradicionais.
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), iniciativa dos bispos da Igreja Católica da América Latina, reúne os nove países que compartilham o bioma amazônico: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
No caso da Bolívia, a REPAM-Bolívia é composta por nove jurisdições eclesiais: Diocese de Coroico e de San Ignacio de Velasco; os Vicariatos de Pando, Beni, Ñuflo de Chávez e Reyes; a Prelazia de Aiquile; e as Arquidioceses de Cochabamba e Santa Cruz — abrangendo os departamentos de La Paz, Santa Cruz, Beni e Pando. Cada jurisdição possui um delegado nomeado por seu respectivo bispo.